sábado, 15 de dezembro de 2012




EXCELENTE ARTIGO PARA TODOS OS MEMBROS DA FAMÍLIA. NÃO DEIXE DE LER!


"Comunicar-se é uma tarefa essencial para a interação humana. Em família essa atividade precisa ser mais do que uma tarefa, precisa alcançar o nível de habilidade. Comunicar não é o mesmo que informar, noticiar, transmitir, apesar de passar por isto....
A Comunicação é Sujeita a Falhas
Percebe-se que pelo tamanho de seu mecanismo a comunicação é uma atividade sujeita a falhas, tanto pelos níveis inconscientes não percebidos na hora de comunicar, quanto pelos mundos diferentes que compartilham os comunicantes.
Essas falhas que atrapalham a comunicação se chamam ruídos. Proporcionam ouvir o que não foi dito, ocasionando julgamentos errados do outro. Proporcionam entendimento equivocado, reações incoerentes e respostas destoantes do contexto da conversa.
Comunicar é necessariamente expressar conteúdos (pensamentos, sentimentos, ideias, emoções, fatos, etc.) junto com ruídos. Toda comunicação está sujeita a ruídos que prejudicam o entendimento mútuo. Em família não é diferente.
Esses ruídos podem estar tanto na comunicação quanto na mente de quem ouve. O ruído é, portanto, consequência necessária da interação entre duas falas de diferentes personalidades.
Algumas pessoas reagem à falha da comunicaçãonão ao seu conteúdo. A família precisa desenvolver habilidade para perceber e esclarecer esses ruídos.
Para comunicar eficientemente a família deve o tempo todo comunicar conteúdos e conversar sobre a forma de comunicação de todos. Não basta ouvir, é preciso estudar o padrão de comunicação do outro.
Alguns Ruídos da Comunicação Familiar
O primeiro ruído está na incapacidade de comunicar-se, de pôr em palavras aquilo que sente e percebe de si mesmo e do mundo ao redor. O componente familiar não consegue pôr em palavras todos os seus sentimentos, emoções e ideias de forma clara e integral.
O resultado dessa incapacidade proporciona uma comunicação inverídica e inexata com uma avalanche de comunicação inconsciente acompanhada de muita ansiedade resultante da tentativa de comunicar. Esta falta de habilidade de comunicar e de autocontrole da ansiedade gera mais dificuldade na comunicação familiar.
Um exemplo simples. O esposo pode ter se sentido diminuído quando a esposa retira a sua autoridade na frente dos filhos. No momento de conversar sobre isso, o esposo diz que essa atitude é feia e mais nada. O esposo perdeu a oportunidade de comunicar seus sentimentos e sua sensação diante do que ocorrera, pois não soube falar disso.
Portanto, o membro da família deve deixar claro se isso for um problema em sua forma de comunicação. Conversar sobre sua impossibilidade de falar de sentimentos e desejos. Quando percebido em família, outro componente deve ajudar fazendo perguntas especificas que estimulem o outro a conversar sobre seus sentimentos.
Um segundo ruído de comunicação muito comum é ocasionado pela visão preconceituosa construída ao longo do tempo de convivência em família. O preconceito aqui referido não é o preconceito racial, étnico, sexual ou social. É o preconceito psicológico.
Uma dos membros familiares constrói uma imagem do outro de acordo com algumas expectativas, fatores e características. Com isso constrói uma personalidade para o outro componente familiar. Essa imagem construída vai guiar o processo de comunicação de ambos.
Um exemplo simplório. A esposa constrói a imagem de que seu esposo é medroso. Qualquer tentativa de ele ser prudente será encarada como motivada pelo seu medo. Essa construção preconceituosa pode acontecer entre toda a família.
Para dissipar ruídos da comunicação só mesmo comunicando. Conversar sobre essas visões que um tem do outro num clima amigável pode ser uma saída preventiva que evitar desentendimentos futuros. Estar disposto a falar e a ouvir queixas é menos doloroso do que sair ferido psicologicamente por causa de um preconceito inverídico.
Um terceiro exemplo de ruído é proporcionado pela comunicação inexistente. Por não se comunicarem com freqüência sobre fatos, medos, anseios, desejos e expectativas, comportamentos, regras e etc., muitos assuntos ficam mal resolvidos e acabam voltando na discussão misturando assunto sobre assunto.
Um exemplo desse ruído. O filho nunca conversa com o pai sobre o autoritarismo injusto dele. No momento de conversarem sobre o dever de casa que o menino não fez, o filho reage impulsiva e desobedientemente retratando-se ao autoritarismo do pai de forma violenta. Dessa forma, misturam-se temas de autoritarismo e de desobediências do filho numa mesma conversa.
Em famílias onde inexiste comunicação sobre desejos, medos, expectativas, etc., a melhor saída é buscar a interação através de outras formas tal como falando sobre outro assunto similar, conversando sobre trabalho ou sobre um programa de televisão até que todos estejam à vontade para falar do tema problemático.
Um quarto exemplo de ruído está relacionado a conflito de gerações. Entendido de forma ampla é a falta de empatia entre pais e filhos para um buscar entender o outro antes de comunicar. Entender aqui não significa ter libertinagem na educação e nem ser complacente com desobediências e com deslealdade conjugal.
Um exemplo é quando os filhos não obedecem aos pais quanto a uma regra de chegar cedo em casa por causa da violência do bairro. Os pais então reagem impondo mais regras injustas e especificas ainda. Os filhos reagem com mais desobediência a essas novas e antigas regras.
Nos conflitos de gerações a iniciativa deve partir dos pais para esclarecer determinadas regras. Entretanto o medo de perder a autoridade impede isso. Pais devem saber que conversar sobre as regras não é sinônimo de perder autoridade, pelo contrário pode ser sinal de reforçá-las.
Comunicar é ser como Jesus
Comunicar, portanto é acima de tudo estar humilde. Humilde para voltar o olhar sobre si mesmo e permitir-se ma autocrítica e um conserto proporcionado pelo Espírito Santo.
Quando há disponibilidade para mudanças o Pai mostra o que deve ser mudado e como deve ser. Ele faz isso tanto através de um aconselhamento pastoral, quanto através de um profissional ou no momento de oração trazendo à mente palavras de conforto e de direção.
Comunicar é entender o mundo do outro assim como fez o Mestre. O Mestre sempre entendia antes de se comunicar. Jesus possuía tanta empatia pelo ser humano que era capaz de saber das necessidades mais intimas e adaptar a sua comunicação a partir dessa constatação.
Jesus se despia de preconceitos. Ele via o homem de acordo com seu coração, conhecia o intimo dos seres humanos. A imagem que Ele tinha dos seus era genuína e não construída sobre preconceitos psicológicos.
Esse entendimento global e genuíno do outro somado a sua humildade para obedecer ao Pai era uma atitude eficaz para comunicar-se com eficiência tanto com os seus discípulos, tanto o povo e tanto para com o Pai.
Portanto, o modelo de comunicação perfeita está acessível. Cresçamos até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo"

Marcelo Quirino
Psicólogo Clínico

www.marceloquirino.com
Membro da PIB Guarani – São João de Meriti/RJ

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